Trabalho criado com inteligência artificial abre 14º Festival de Fotografia de Tiradentes

  • 28/03/2025
(Foto: Reprodução)
“Barbaras”, da artista visual Claudia Jaguaribe, resgata a memória de mulheres que lutaram pela construção da sociedade contemporânea. Palestra abriu as atividades reflexivas do festival "Foto em Pauta", em Tiradentes, que começou nesta quarta (26) e vai até domingo (30). "Bárbaras" trabalho de Claudia Jaguaribe é apresentado no 14º Festival de Fotografia de Tiradentes. Claudia Jaguaribe divulgação O que uma princesa do Congo, a primeira advogada do Brasil e a primeira mulher negra a publicar um livro no país têm em comum? Todas foram escravizadas, lutaram por direitos e acabaram contribuindo de forma efetiva para a história nacional — só que suas histórias e seus rostos que permanecem desconhecidos do grande público. Para que isso mude, a artista visual Claudia Jaguaribe reuniu as histórias dessas e de outras mulheres e criou, por meio de inteligência artificial, colagens, desenhos, pinturas e esculturas, os rostos que elas teriam tido enquanto viveram. O resultado é o trabalho “Bárbaras”, apresentado na primeira noite de palestras do 14º Festival de Fotografia de Tiradentes, no Campo das Vertentes, na noite desta quinta-feira (27). Trabalho artístico criado com inteligência artificial resgata histórias e rostos desconhecidos do grande público Aqualtune, Esperança Garcia e Rosa Egipcíaca Segundo as pesquisas da artista, que contou com a colaboração da historiadora, curadora e história da arte, Maria Eduarda Marques, a princesa do Congo foi Aqualtune. Ela viveu no século XVII e teria sido filha do rei Antônio I, membro da dinastia Nlanza, que foi derrotada pelos portugueses na batalha de Mbwila em 1665. Aqualtune foi trazida para o Brasil como escrava para reprodução. Grávida, mas determinada a lutar por sua liberdade e de outros escravos, ela planejou uma fuga e teve papel importante em um mocambo — uma comunidade de escravizados fugidos —, que depois fez parte do Quilombo dos Palmares. Ainda segundo as pesquisas, a primeira advogada do Brasil foi Esperança Garcia, que nasceu no século XVIII, numa fazenda de algodão no sertão do Piauí. Ela foi escravizada e separada do convívio do marido e dos filhos. Para denunciar maus-tratos e autoritarismo ela escreveu uma carta ao governador Gonçalo Lourenço, que é considerada uma espécie de petição exigindo o direito de viver livre de violência. Já a primeira escritora negra a publicar um livro no Brasil, de acordo com as pesquisas que deram origem ao “Barbaras”, foi Rosa Maria Egipicíaca da Vera Cruz. Ela nasceu em 1719 na região onde hoje é o Benim, na África, mas foi escravizada e trazida para o Brasil. Aqui, trabalhou como prostituta. Mas uma doença a fez ter visões místicas e a desistir da profissão. Ela se tornou religiosa, doou seus bens para os pobres e ganhou devotos. No entanto, a fé mística dela não foi aceita pela Igreja Católica, que a rotulou como uma fraude. Mesmo assim, ela fundou um refúgio para ex-prostitutas, onde eram realizadas cerimônias e as pessoas se ajoelhavam para beijar seus pés. Durante esse período, ela escreveu o livro “A Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas”, de 250 páginas, que foi parcialmente destruído pelo padre Francisco Gonçalo Lopes. Claudia Jaguaribe e o mediador Gabriel Cabral durante palestra no 14º Festival de Fotografia de Tiradentes. Leo Lara divulgação Além das três mulheres, o trabalho de Claudia Jaguaribe recupera outras trajetórias particulares e reflete sobre o papel da imagem na preservação e reconstrução da História. "A história dessas mulheres nos ajuda entender aonde estamos hoje, aonde progredimos e aonde se perpetuam problemas e questões vividas há séculos por nós mulheres e consequentemente a sociedade", explicou. Para idealizador e diretor artístico do Festival de Fotografia de Tiradentes "Foto em Pauta", Eugenio Sávio, o festival trabalha com arte contemporânea e não daria para escapar da inteligência artificial, uma estratégia que vem sendo usada pelos artistas contemporâneos. "Uma prova disso é o sucesso da palestra da Claudia Jaguaribe que estava lotada e com pessoas assistindo do lado de fora também”, disse Sávio. Plateia durante palestra de Claudia Jaguaribe no 14º Festival de Fotografia de Tiradentes. Leo Lara divulgação Mais IA Durante o festival a inteligência artificial ainda será discutida em uma palestra da artista soteropolitana Mayara Ferrão. No sábado, às 15h, ela vai apresentar ao público o “Álbum de Desesquecimentos”, que foi capa da Revista ZUM #27, no qual a artista imagina outro passado para as mulheres negras, usando inteligência artificial e bancos de imagens. A conversa será mediada por Carlos Franco, editor do site ZUM/ IMS. Também no sábado, a partir das 21 horas, será realizada uma batalha de imagens geradas por inteligência artificial, no Largo das Forras, no centro de Tiradentes. O evento é organizado pelo coletivo Erro99, formado por Bruno Figueiredo e Daniel Iglesias. Haverá escolha do vencedor por votação popular no momento do evento. O Festival de Fotografia de Tiradentes O 14º Festival de Fotografia de Tiradentes — Foto em Pauta — começou no dia 26 e vai até 30 de março. São cinco dias de atividades gratuitas ligadas a arte da fotografia por meio reflexões, troca de experiências e aprendizados. A programação conta com palestras, bate-papos, exposições, projeções e lançamento de fotolivros. O festival é gratuito e a programação completa está no site. Confira os vídeos mais assistidos do g1 Minas:

FONTE: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2025/03/28/trabalho-inteligencia-artificial-abre-14o-festival-de-fotografia-de-tiradentes.ghtml


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