Servidora suspeita de desviar 220 armas de delegacia é indiciada
26/11/2025
(Foto: Reprodução) Polícia de Minas prende servidora suspeita de desviar armas de delegacia
A servidora pública Vanessa de Lima Figueiredo, presa sob suspeita de envolvimento no desvio de 220 armas de fogo de uma delegacia de Belo Horizonte, foi indiciada pela Polícia Civil. Segundo a instituição, com a conclusão do inquérito policial pela Corregedoria, ela deve responder criminalmente por peculato.
O crime está definido no artigo 312 do Código de Processo Penal, que prevê uma pena de dois a doze anos de prisão e multa para o funcionário público que desvia ou se apropria de "dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio". A mulher segue detida preventivamente.
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Após o indiciamento, o Ministério Público analisará o caso para, eventualmente, denunciar a investigada à Justiça. Se a denúncia for aceita, ela vira réu e será julgada.
Investigações apontaram que parte dos armamentos desviados foi vendida a organizações criminosas, como o Terceiro Comando Puro (TCP). A servidora teria usado o dinheiro que obteve para comprar carros de alto padrão (leia mais abaixo).
Quem é a indiciada
Vanessa tem 44 anos e é natural da capital mineira. Servidora efetiva do estado, foi aprovada em concurso público realizado pela Polícia Civil em 2013 e nomeada para o cargo de analista da instituição em julho do ano seguinte.
Conforme publicações do Diário Oficial do Estado, ela passou por delegacias de Divinópolis, no Centro-Oeste, e também atuou no Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG). Em 2020, foi transferida para a delegacia do Barreiro, onde ocorreu o desvio de armas (leia mais abaixo).
Em uma rede social, ela diz que trabalha como escrivã de polícia e que, entre 2002 e 2005, cursou fisioterapia em uma faculdade de BH.
De acordo com o Portal da Transparência, Vanessa recebeu um salário bruto de R$ 7,5 mil em setembro deste ano.
Vanessa de Lima Figueiredo
Reprodução
Conexão com organizações criminosas
O sumiço das cerca de 220 armas de fogo na 1ª Delegacia do Barreiro, em BH, foi descoberto após um suspeito ser flagrado portando um armamento que já havia sido apreendido.
Segundo as investigações, parte do material desviado foi vendida para organizações criminosas, como o Terceiro Comando Puro (TCP).
Com o dinheiro, Vanessa Figueiredo teria comprado dois carros de alto padrão. Ela também fez procedimentos estéticos.
De acordo com interlocutores ligados à Polícia Civil, a mulher foi flagrada por câmeras de segurança retirando armamentos da delegacia.
O que diz a defesa
A defesa da mulher disse que a prisão foi desproporcional e que nada de ilícito foi encontrado durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão.
"A defesa vai pleitear a liberdade provisória da Vanessa, porque entende não haver qualquer indício concreto no inquérito policial, completamente premeditado, que possa ensejar de fato essa prisão preventiva", afirmou o advogado Lucas Furtado.
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Segundo ele, os vídeos não mostram nenhum armamento com a servidora.
"No inquérito policial a que a defesa teve acesso existiam alguns vídeos em data próxima em que a Vanessa entra e sai com a própria bolsa dela, em alguns momentos que são horários fixos, horário de entrada, horário de saída. É o único tipo de gravação que existe. Não foram identificadas armas durante essa movimentação, tão somente a bolsa dela", completou Furtado.
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