Jogadora de vôlei brasileira embarca de volta ao Brasil após fugir de hotel invadido por manifestantes no Nepal
15/09/2025
(Foto: Reprodução) Hotel em que estavam jogadoras de vôlei brasileiras é invadido no Nepal
A jogadora de vôlei Ana Flávia Galvão embarcou de volta ao Brasil nesta segunda-feira (15). Ela e a também jogadora de vôlei brasileira Mayra Souza saíram de Pokhara, no Nepal - cidade onde manifestantes invadiram o hotel em que elas estavam hospedadas - e foram para Katmandu, capital do país, na sexta-feira (12), onde ficaram em um hotel protegido. As brasileiras jogavam no Nepal Karnali Yashvis.
Ana Flávia confirmou que está a caminho do Brasil com previsão de chegada na terça (16). Em uma rede social, ela postou uma foto no aeroporto Internacional de Hamad pouco antes da viagem.
Ainda segundo ela, Mayra seguirá para o Chipre, onde jogará a próxima temporada. No entanto, não foi confirmado se Mayra já deixou o Nepal.
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Aeroporto Hamad Nepal Ana Flávia Galvão jogadora de vôlei
Instagram/Reprodução
As brasileiras viram o hotel em que estavam hospedadas em Pokhara, no Nepal, ser invadido durante os protestos que tomaram conta do país asiático desde o dia 9 de setembro. As duas fugiram às pressas do prédio e foram transferidas para outro hotel. No dia 11, elas foram para Katmandu, capital do país, onde disseram que se sentiram mais seguras.
A população nepalesa protesta desde o dia 8 contra um bloqueio das redes sociais, como Facebook e Instagram, imposto na semana passada, sob o slogan "bloqueiem a corrupção, não as redes sociais". O bloqueio não foi bem recebido por parte dos 30 milhões de habitantes do país, dos quais cerca de 90% usam a internet.
Manifestantes invadiram o complexo do Parlamento nepalês e atearam fogo na sede do legislativo e em casas de ministros. O primeiro-ministro do Nepal, KP Sharma Oli, renunciou ao cargo em meio à intensificação dos protestos populares contra o governo.
Mayra Souza (esquerda) e Ana Flávia Galvão (direita) continuam no Nepal
Redes sociais
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ENTENDA a crise no Nepal
Entenda a situação
Ana Flávia e Mayra chegaram ao país asiático em 1º de setembro para a disputa da segunda edição da Everest Women's Volleyball League. Uma nova rodada da competição seria realizada no dia 9, mas foi cancelada devido aos protestos.
As brasileiras estavam hospedadas no hotel em Pokhara junto com as demais companheiras de time quando manifestantes invadiram o prédio. Em um vídeo gravado do lado de fora do hotel, Ana Flávia falou sobre o caos no local onde ela estava e mostrou as malas no chão. Assista ao vídeo acima.
"Foi muito desesperador. Dava para ouvir barulhos de pessoas gritando, coisas quebrando e estrondos até mesmo quando já estávamos escondidas na mata", disse Ana Flávia.
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Ana Flávia contou que se assustou com o barulho das manifestações e que decidiu fugir a pé do hotel.
"Estávamos tranquilas no hotel quando percebemos que os manifestantes já haviam colocado fogo em vários veículos do estacionamento e estavam começando a invadir. Eu estava sozinha no meu quarto que era no segundo andar quando ouvi os barulhos. Uma colega de time que também é brasileira [Mayra] veio ao meu quarto e ficamos juntas. Conseguimos fugir por uma área verde que estava próxima do rooftop", contou.
Após a invasão do hotel, as brasileiras e as demais colegas de time foram levadas para outra acomodação em Pokhara, mais distante dos conflitos. Depois, voaram para Katmandu, onde aguardam o voo de volta para casa.
Mayra Souza teve hotel invadido no Nepal
Reprodução
Quem são as brasileiras
Ana Flávia é mineira de Uberlândia e tem 28 anos. Formada nas categorias de base do Praia Clube, ela passou por São Caetano antes de se transferir para o vôlei internacional. Na carreira, a levantadora jogou na Espanha, Hungria, República Tcheca, Eslováquia e Suíça.
Mayra Souza é ponteira, tem 26 anos e se formou na base do Mackenzie, de Belo Horizonte, cidade onde nasceu. Na carreira, jogou por Valinhos, Taubaté e Recife, entre outros clubes brasileiros, e vive a primeira experiência fora do país neste ano.
Entenda a crise no Nepal
O Nepal presenciou, entre segunda-feira (8) e terça-feira (9), uma fulminante revolta da "Geração Z" contra o governo, motivada pelo contraste entre a ostentação de políticos e a pobreza da população. O bloqueio de redes sociais foi visto como a gota d'água para uma revolta sem precedentes no país.
A desigualdade social é um dos principais pontos de descontentamento dos jovens nepaleses que levaram milhares de pessoas às ruas. Os manifestantes vinham conduzindo uma campanha online havia três meses para expor o contraste entre a vida dos políticos e a das pessoas comuns.
A situação se agravou ainda mais após o bloqueio do acesso a redes sociais, como Instagram e Facebook, por parte do governo local, que apontou a disseminação de fake news e a falta de cooperação das big techs com a Justiça como motivos para o banimento.
Após o anúncio, a tensão chegou ao limite. Durante as manifestações, prédios governamentais e casas de ministros foram incendiados, e autoridades políticas foram arrastadas para as ruas e agredidas.
Perfil do Nepal
Juan Silva/g1
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