Globo Rural 45 anos: edição especial mostra rotina de agricultores da transumância, reconhecida pela ONU como patrimônio agrícola mundial

  • 04/01/2025
(Foto: Reprodução)
Apanhadores de flores fazem casas improvisadas na Cordilheira do Espinhaço, em Minas Gerais, para se manter próximos às áreas de colheita da flor sempre-viva, fonte de renda dessas pessoas. Centenas de famílias vivem em constante mudança na cordilheira do Espinhaço, em Minas Centenas de famílias vivem em constante mudança na Cordilheira do Espinhaço, em Minas Gerais. Um modo de existência que foi reconhecido pela ONU como patrimônio agrícola mundial. "Vamos subir a serra, pessoal" São horas de subida para alcançar o topo. No alto da montanha, homens e mulheres andam quilômetros juntando flores desidratadas naturalmente: as sempre-vivas. "Eu tirei o dia para pensar quem era eu", cantam os apanhadores das flores. A atividade garante pelo menos metade da renda das famílias. "Você compra tudo, você compra porco, você compra tudo que a gente interessar", disse a agricultora Salete Gomes. Para fazer a coleta, os apanhadores passam meses vivendo em casas de rocha, conhecidas como lapas. Essas casas em Diamantina são equipadas com fogão, uma dispensa onde vão guardando os alimentos que vão consumir nas próximas semanas, nos próximos meses, e no fundo tem as camas. Os moradores usam toras de madeira, um colchãozinho e um cobertor por cima. E é nestes locais que as famílias vão repousar durante todo o período que estiverem realizando a coleta. "A gente pode deitar, rolar pra lá e pra cá que está firme", brinca Salete. Mulher colhendo flores sempre-vivas na Cordilheira do Espinhaço, em Minas Gerais. Reprodução/Jornal Nacional As moradas são passadas de geração para geração. "Que Deus deu a colheita, plantou a sempre-viva para nós e deu a nós o lugar de morar", afirmou a agricultora Jovita Correia. Os buquês terminam de secar camuflados nas pedras. "Aqui ela toma o sol da manhã e fica chique", afirmou o agricultor Lorico Correia. Mais de duzentas toneladas de sempre-vivas são exportadas por ano. Algumas espécies, como o capim dourado, viram vaso, chapéu, bolsa. Os agricultores ainda cultivam alimentos e criam animais, que também migram na época da seca para onde o alimento é farto. Casas de rocha, conhecidas como lapas, que abrigam durante meses apanhadores de flores sempre-vivas em Minas Gerais. Reprodução/Jornal Nacional Esse sobe e desce se repete várias vezes ao longo do ano e tem nome: transumância. Um modo de vida reconhecido pela Organização das Nações Unidas como patrimônio agrícola mundial – o primeiro e único do Brasil. "Foi maravilhoso de pensar que o modo de ser, fazer e viver dessas comunidades é importante para o mundo. É o reconhecimento do sistema vivo, e ele tem que se manter", afirmou a agricultora Maria de Fátima Alves. Os apanhadores de flores da Serra do Espinhaço são o tema da edição especial que comemora os 45 anos do Globo Rural. Neste domingo (5), a partir das 8h40 da manhã.

FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/01/04/globo-rural-45-anos-edicao-especial-mostra-rotina-de-agricultores-da-transumancia-reconhecida-pela-onu-como-patrimonio-agricola-mundial.ghtml


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