Gari morto por empresário em BH com arma da esposa delegada: o que se sabe sobre o caso
13/08/2025
(Foto: Reprodução) Polícia pede prisão preventiva do empresário suspeito de matar gari em BH
O gari Laudemir Fernandes, de 44 anos, foi morto a tiros na manhã desta segunda-feira (11), após um empresário se irritar com a presença do caminhão de lixo na rua e exigir espaço para passar com seu carro. O crime aconteceu no encontro das ruas Jequitibá e Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte.
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Horas após o ocorrido, a polícia prendeu em uma academia o empresário Renê da Silva Nogueira Junior, suspeito de efetuar os disparos. Ele é marido da delegada Ana Paula Balbino Nogueira, que passou a ser investigada pela Corregedoria da Polícia Civil por ser dona das armas apreendidas após o assassinato.
Veja o que se sabe sobre o caso:
Onde e como ocorreu o assassinato?
Qual foi a motivação do crime?
Quem é o suspeito do crime?
O que o preso alegou à polícia?
Quem era a vítima?
Como ocorreu a prisão?
Quem é a esposa do suspeito? Por que delegada é investigada?
O que disse a esposa da vítima?
Onde e como ocorreu o assassinato?
O crime aconteceu pela manhã, no encontro das ruas Jequitibá e Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, em BH. Laudemir Fernandes estava trabalhando na coleta de lixo quando Renê Júnior passou de carro pela rua.
Após se irritar com o fato de o caminhão de lixo estar na rua e ameaçar a motorista do veículo exigindo espaço para passar, o empresário desceu do carro e disparou contra Laudemir. Segundo os próprios trabalhadores, eles tentaram fugir mas um dos disparos acabou atingindo a vítima. "Vai matar a gente trabalhando?", chegou a questionar um dos colegas de Laudemir.
Qual foi a motivação do crime?
De acordo com o registro policial, o empresário Renê Júnior teria se irritado com a motorista do caminhão de coleta de lixo. A mulher que dirigia o caminhão afirmou que tinha espaço suficiente para o carro passar, mas o condutor teria ameaçado atirar "na cara" dela. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse.
"O condutor falou com ela: 'Se você esbarrar no meu carro, vou dar um tiro em você. Você duvida?' Ela entrou em choque, e os coletores começaram a falar pra ele não fazer isso. Foi quando um deles, o Laudemir, levou um tiro", contou o sargento da Polícia Militar, Thiago Ribeiro.
Quem é o suspeito do crime?
Quem é o empresário que atirou em gari em briga de trânsito
Renê da Silva Nogueira Júnior é casado com uma delgada da Polícia Civil de Minas Gerais. Em um perfil em uma rede social, com quase 30 mil seguidores, ele se apresenta como "Christian, husband, father & patriot" (em português: cristão, marido, pai e patriota).
No perfil profissional, Renê se intitula CEO da empresa Fictor Alimentos. Em nota, a Fictor Alimentos LTDA confirmou que Renê era prestador de serviços da organização há cerca de duas semanas e foi desligado. Já a Fictor Alimentos S/A negou qualquer vínculo empregatício com ele.
O suspeito também cita que já trabalhou em grandes empresas do ramo alimentício e de bebidas.
O empresário é marido de Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, delegada de polícia. Atualmente, Ana Paula está lotada na Casa da Mulher Mineira, unidade policial inaugurada pela Policia Civil em março de 2022.
Nesta quarta-feira (13), ele foi submetido a audiência de custódia na Justiça, que determinou a conversão da prisão dele de flagrante para preventiva. Com isso, ele segue detido por tempo indeterminado. (clique para saber mais)
Renê Júnior
Reprodução/redes sociais
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O que o preso alegou à polícia?
Após ser abordado na academia, o suspeito negou à polícia que tenha cometido o crime. No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil, no entanto, consta a informação de que ele afirmou que a arma é de sua mulher.
"Relatou que a arma de fogo utilizada no crime estaria em nome de sua esposa", diz boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil às 17h40 de 11 de agosto. Em entrevista coletiva, a polícia disse investigar que arma foi usada para matar o gari.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Renê, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Quem era a vítima?
'Morreu fazendo o que gostava': quem era o gari assassinado a tiros em BH
Laudemir de Souza Fernandes é descrito por familiares e amigos como um homem do bem e trabalhador. O gari trabalhava havia nove anos para uma empresa terceirizada que presta serviços de limpeza urbana à Prefeitura de Belo Horizonte, e estava prestes a ser promovido.
"Trabalhava todo dia, acordava 4 horas da manhã, para um dia depois do Dia dos Pais acontecer um trem desse. É muito ruim, horrível, não tem nem explicação para um sentimento desse. É revolta. Queremos justiça em primeiro lugar", disse Pedro Fernandes, sobrinho de Laudemir.
Segundo familiares, ele era apaixonado pela profissão, estava prestes a ser promovido para atuar na portaria e gostava de preparar o café da manhã aos domingos. Ele deixa uma filha de 15 anos e uma enteada, além da companheira.
Como ocorreu a prisão?
O empresário foi preso na tarde desta segunda-feira (11). Ele foi detido quando estava em uma academia do bairro Estoril, região Oeste de BH, horas após cometer o crime.
Segundo a polícia, foi montando um cerco em torno da academia após as investigações apontarem que Renê estava no local.
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Quem é a esposa do suspeito e por que ela é investigada?
Renê da Silva Nogueira Júnior e a delegada Ana Paula Balbino Nogueira
Reprodução/redes sociais
A Subcorregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais abriu uma investigação e um procedimento disciplinar para apurar a conduta da delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, mulher de Renê da Silva Nogueira.
A arma apreendida, que, segundo o boletim de ocorrência resultou na morte do gari, estava em nome da delegada. De acordo com o documento, registrado pela Polícia Civil às 17h40 do dia 11 de agosto, a informação foi dada pelo próprio suspeito em depoimento à polícia. A mulher não estava no veículo no momento da discussão com o gari.
Segundo a Polícia Civil, Ana Paula segue na função mesmo sendo investigada por uso de arma pelo marido e não há indicação para o afastamento.
O que disse a esposa da vítima?
A companheira da vítima, Liliane França, com quem Laudemir vivia havia cinco anos, se emocionou ao relembrar a rotina e ao pedir justiça pelo crime.
"Ele vai me fazer muita falta, muita falta mesmo, porque era um homem perfeito. Era uma pessoa que respeitava, que cuidava da gente com muito carinho. Todos os dias de manhã ele falava que iria voltar. Dessa vez, ele não voltou para casa. Me devolveram o Lau num caixão", desabafou a companheira.
A viúva também falou sobre relatos recorrentes de Laudemir sobre a falta de respeito de parte da população com os profissionais da limpeza urbana.
"Ele saía todos os dias de manhã falando que iria voltar para casa, que iria voltar para a família, que era o que ele mais gostava de fazer. Ele falava das dificuldades do serviço dele, da falta de respeito das pessoas com eles, das pessoas não respeitarem o trabalho deles", completou.
Infográfico: Entenda caso de gari morto por empresário em BH
g1
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