Empresário que matou gari pediu ajuda para ex-coronel da PM antes de ser preso
04/09/2025
(Foto: Reprodução) Troca de mensagens entre Renê Júnior e ex-coronel da PM
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O empresário Renê Júnior, assassino confesso do gari Laudemir de Souza Fernandes, morto no dia 11 de agosto deste ano, pediu orientações a um coronel da reserva da Polícia Militar quando foi abordado por militares. A troca de mensagens foi recuperada pela Polícia Civil durante o inquérito.
O crime aconteceu após Renê se irritar no trânsito e atirar contra o trabalhador. Ele foi preso em uma academia de luxo no mesmo dia.
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Segundo a polícia, antes de ser levado à delegacia, ele trocou mensagens com uma pessoa, a quem Renê chamou de "meu amigo". Segundos fontes ligadas à investigação, o homem é um ex-coronel da Polícia Militar.
Veja o diálogo:
Renê: Meu amigo, poderia me dar uma ajuda?
Ex-coronel: Boa tarde. Lógico.
Renê: Estou cercado por PMs dizendo que cometi um crime hoje pela manhã. Não estava no local, nem imagino onde seja Vista Alegre.
Ex-coronel: Onde você está?
Renê: Estou na academia. Não sei o que está acontecendo. Poderia falar, se possível, com o tenente?
Ex-coronel: Será que ele vai me atender? Normalmente não atendem... Você está em contato com ele?
Renê: Está do meu lado.
Pelos prints das conversas, após essa última mensagem, Renê fez uma ligação de mais de 2 minutos para o ex-coronel. Pelo documento do inquéirito, não é possível saber se o ex-coronoel conversou, ou não, com o tenente da Polícia Militar. Em seguida, os dois continuam nas trocas de mensagens.
O g1 entrou em contato com o ex-militar, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Renê foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Esses agravantes podem pesar contra ele no julgamento. Se condenado, a pena pode chegar a 35 anos de prisão.
Print mostra conversa de Renê Júnior com ex-coronel
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Print mostra conversa de Renê Júnior com ex-coronel
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'Entrega a nove milímetros'
Antes da prisão, Renê também enviou um áudio para a esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, dizendo que estava no estacionamento e havia sido abordado por policiais. Já na delegacia, ele mandou nova mensagem pedindo que ela entregasse uma pistola 9 milímetros, e não a arma usada no crime, uma pistola calibre 380.
“Entrega a nove milímetros. Não pega a outra. A nove milímetros não tem nada”, escreveu Renê.
Dias depois, ele confessou o assassinato. Mas, antes de admitir, Renê ainda tentou negar o envolvimento.
“Estava no lugar errado na hora errada. Amor, eu não fiz nada”, disse na última mensagem enviada à esposa.
A mulher do empresário também foi indiciada por porte ilegal de arma de fogo, porque permitiu que o marido usasse sua arma. A pena varia de dois a quatro anos de prisão. Por ser servidora pública, Ana Paula pode ter a pena aumentada em até 50%. A decisão será tomada pelo Poder Judiciário.
Vídeo mostra empresário que matou gari exibindo armas e atirando de varanda
Relembre o caso
Laudemir foi morto no dia 11 de agosto, na esquina das ruas Jequitibá e Modestina de Souza, em Belo Horizonte. Testemunhas contaram que o gari estava trabalhando na coleta quando o empresário passou de carro pela rua e exigiu que o caminhão de lixo fosse retirado da via para que ele conseguisse passar com seu carro, um veículo elétrico BYD.
Em um perfil em uma rede social, com quase 30 mil seguidores, Renê Júnior se apresenta como "Christian, husband, father & patriot" (em português: cristão, marido, pai e patriota).
No perfil profissional, Renê se intitula CEO da empresa Fictor Alimentos. Em nota, a Fictor Alimentos LTDA confirmou que Renê era prestador de serviços da organização havia cerca de duas semanas e foi desligado. Já a Fictor Alimentos S/A negou qualquer vínculo empregatício com ele. Além disso, Renê cita que já trabalhou em grandes empresas multinacionais do ramo alimentício e de bebidas.
A mulher que dirigia o caminhão de lixo quando Renê exigiu que fosse aberto caminho passar ele com seu carro afirmou que havia espaço suficiente na rua. O empresário teria se irritado e ameaçado atirar na motorista. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse, mas ele atirou
A vítima foi socorrida pela Polícia Militar e levada em uma viatura para o hospital, onde morreu. A prefeitura informou que Laudemir prestava serviços por meio de uma empresa terceirizada de limpeza.
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