BH 128 anos: 'Maria Papuda', 'Fantasma da Serra' e 'Capeta da Vilarinho' marcam luta por moradia e baile dos anos 80

  • 12/12/2025
(Foto: Reprodução)
'Maria Papuda': conheça a lenda BH Uma mulher que cobra suas terras, um funcionário público longe dos palácios reservados para a classe alta e um homem "meio humano, meio diabo". O que essas lendas têm em comum é a construção do contexto histórico, político e até lúdico de Belo Horizonte, que completa 128 anos nesta sexta-feira (12). A data marca a transferência da antiga capital de Minas Gerais, Ouro Preto, para a então nova cidade. A construção de BH expulsou "Maria Papuda", cuja maldição assombra o Palácio da Liberdade, representando a dor dos moradores originais desalojados. Por outro lado, o "Fantasma da Rua do Ouro" é o melancólico servidor público forçado a se mudar de Ouro Preto e que surge nas noites de junho. Ele simboliza a solidão burocrática e a resistência ao novo. Por fim, a cultura mineira ganha um toque de humor e medo com o "Capeta do Vilarinho", o brilhante dançarino de chapéu que revelou pés de bode e chifres, fugindo em meio a um cheiro de enxofre. Um mito que virou lenda e uma jogada de marketing genial. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 MG no WhatsApp Na comemoração do aniversário de Belo Horizonte, o g1 preparou uma série especial, em texto e vídeo, sobre figuras emblemáticas do imaginário belo-horizontino. Nesta sexta, mostramos as lendas de "Maria Papuda", do "Funcionário Público da Rua do Ouro" e do "Capeta da Vilarinho". Ainda que os personagens sejam velhos conhecidos de quem vive na região, e muita gente até diga que já os tenha visto, esses fantasmas nunca tiveram sua existência comprovada, como ocorre com toda lenda urbana. LEIA TAMBÉM: O que as lendas da 'Loira do Bonfim' e do 'Cego da Contorno' dizem sobre a cidade Lendas 'Avantesma da Lagoinha' e 'Moça da Rua do Chumbo' refletem abandono social e solidão da cidade grande BH 128 anos: conheça as lendas que carregam a história da cidade Imagem gerada por Inteligência Artificial Maria Papuda A lenda da "Maria Papuda" é uma das histórias urbanas mais conhecidas de Belo Horizonte, ligada diretamente à construção da capital mineira e, em especial, ao Palácio da Liberdade (veja vídeo mais acima). "Maria Papuda" era uma antiga moradora do Arraial do Curral Del Rey, comunidade que deu origem a Belo Horizonte, antes de a cidade ser planejada e construída no final do século XIX. Ela era uma das lideranças comunitárias mais importantes da época. A história conta que a casa de Maria Papuda ficava na Praça da Liberdade — hoje uma das regiões nobres de Belo Horizonte —, bem onde fica atualmente o Palácio da Liberdade, casarão que seria a sede do governo de Minas e residência oficial dos governadores. Ela foi expulsa e teve sua casa demolida para que o projeto da nova capital fosse erguido, sendo obrigada a sair de suas terras. Inconformada com a destruição de sua morada e a expulsão dos habitantes originais, teria lançado uma maldição sobre os futuros "proprietários". Após sua morte, ela retorna ao local como um fantasma que vaga pelos corredores do Palácio, assustando quem dormia por lá. A lenda ganhou ainda mais força depois que quatro governadores morreram no palácio ou durante o exercício do cargo, reforçando a crença na maldição: Silviano Brandão, morto em 1902, antes mesmo de completar o mandato; João Pinheiro, morto em 1908, durante o exercício do cargo; Raul Soares, morto em 1924, dentro do Palácio; Olegário Maciel, morto em 1933, repentinamente, nas primeiras horas manhã, durante o banho, no Palácio da Liberdade. 'Funcionário Público da Rua do Ouro' - 'Fantasma da Serra' 'Fantasma da Serra': conheça lenda de BH Outra lenda que surgiu durante a construção da capital mineira é o "Funcionário público da Rua do Ouro" ou "Fantasma da Serra". O cavalheiro que surgia no silêncio da noite, vestido de terno preto, chapéu de coco e um guarda-chuva não interagia ou falava com quem o via. Ele simplesmente permanecia imóvel, observando quem passava pela Rua do Ouro. Na época da construção, Aarão Reis, um dos urbanistas que projetou BH, teve a ideia de limitar o número de pessoas dentro da Avenida do Contorno. O restante das pessoas teria que procurar moradias nas áreas suburbanas. A história contada pelos moradores diz que o homem era um dos funcionários públicos de Ouro Preto, antiga capital de Minas Gerais, que foi forçado a ir trabalhar no novo projeto de cidade. E ele não ganhou espaço nos palacetes do bairro Funcionários como os outros servidores públicos. Depois de sua morte, ele surge como um fantasma em uma das ruas que dão acesso à Avenida do Contorno, como um lembrete das pessoas e dos trabalhadores que foram esquecidos enquanto as vias ganhavam nomes de ricos engenheiros, arquitetos e parlamentares. O escritor e cofundador do movimento BH a Pé, Rafael Sette Câmara, afirma que a data 12 de dezembro é importante para a memória belo-horizontina e para os mineiros, mas existiram outros tantos que criaram suas famílias antes mesmo de a capital ser o que é hoje. E essas pessoas também merecem serem lembradas. "É importante lembrar que o dia que comemoramos é o da transferência da capital. Antes disso, houve quatro anos de demolição e quase 200 anos de ocupação da cidade. São mais de 300 anos de cidade. Esses fantasmas relembram essa história, que havia algo antes, e tinham donos, mas escolheram contar a história só a partir da criação de BH", explicou. Capeta da Vilarinho 'Capeta da Vilarinho': conheça lenda de BH Já o lendário "Capeta da Vilarinho" foge um pouco do contexto real sobre a construção de Belo Horizonte, e traz um tom um pouco mais folclórico sobre um ser que contribuiu até para o marketing das extintas Quadras da Vilarinho. Criada em meados dos anos 1980, a lenda diz que durante um baile nas Quadras, um homem alto, misterioso, bem-vestido, de chapéu e excelente dançarino surge em uma noite animada e quente na famosa festa em Venda Nova. Após longas horas de baile, o sujeito mostra talento e vence um concurso de dança, o qual ele disputou ao lado de uma linda dama. Mas o caldeirão começa a derramar quando o homem vai receber o prêmio da noite, e acaba cometendo a gafe de deixar o chapéu cair. Nesse pequeno ato falho, ele deixa aparecer um par de chifres assustadores, que deixa todo mundo em pânico. Enquanto tenta fugir dos olhares assustados, a figura deixa aparecer também as patas de bode no lugar dos pés. Ele foge para o banheiro da quadra e desaparece, deixando cheiro de enxofre. A história, é claro, chamou a atenção da imprensa local e das pessoas que já haviam frequentado o baile, deixando os curiosos instigados e com aquela questão clássica: "só acredito vendo". O boato cresceu tanto que há relatos de que o antigo proprietário das Quadras da Vilarinho usou o marketing ao seu favor, fortalecendo a lenda e atraindo mais pessoas para o "inferninho", que por anos alegrou um dos mais importantes bailes noturnos que resistiu corajosamente à modernização das festas fechadas para os moradores periféricos. "O 'Capeta da Vilarinho' é uma lenda que surge fora bem longe da Avenida do Contorno. Isso mostra que a cidade avançou, e suas lendas também. Fantasmas são vivos, podem surgir a qualquer momento, inclusive agora", afirma Rafael Sette Câmara. Maria Papuda, Fantasma da Serra e Capeta da Vilarinho Imagem gerada por Inteligência Artificial Vídeos mais vistos no g1 Minas:

FONTE: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2025/12/12/bh-128-anos-maria-papuda-fantasma-da-serra-e-capeta-da-vilarinho-marcam-luta-por-moradia-e-baile-dos-anos-80.ghtml


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