'Vale do Silício Brasileiro': como cidade do interior de MG se tornou polo tecnológico admirado no exterior

  • 02/11/2025
(Foto: Reprodução)
Vale da Eletrônica: polo mineiro movimenta R$ 3 bilhões e impulsiona inovação no Brasil Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, é um exemplo de como uma visão pioneira em educação pode transformar o destino de uma cidade. Com pouco mais de 42 mil habitantes, o município é reconhecido como o “Vale do Silício Brasileiro”. Foi lá que nasceu a primeira escola técnica de eletrônica da América Latina — e é de lá que saem soluções tecnológicas exportadas para outros continentes. 📲 Siga a página do g1 Sul de Minas no Instagram Em um país onde as inovações costumam se concentrar nos grandes centros, o chamado “Vale da Eletrônica” oferece o modelo da “hélice tríplice", um ecossistema baseado na integração entre academia, indústria e governo. Assim como o Vale do Silício (Silicon Valley), na Califórnia, o sucesso da cidade mineira é fruto da colaboração. "Diferente de outros polos, inclusive do eixo São Paulo–Rio, Santa Rita tem uma identidade própria, marcada pela proximidade entre os atores, pela cultura empreendedora e pela capacidade de gerar soluções tecnológicas com alto valor agregado em um ambiente de cooperação genuína", explica Rodrigo Ribeiro Pereira, gerente do Sebrae Minas na Regional Sul. Essa estrutura colaborativa levou à criação do Parque Tecnológico de Santa Rita do Sapucaí, em 2021, como um modelo aberto e integrado à cidade, conectando instituições de ensino, centros de inovação e empresas que compartilham infraestrutura, conhecimento e projetos. 17ª Feira Industrial do Vale da Eletrônica (Fivel) em Santa Rita do Sapucaí, MG Júlia Reis/g1 Do zero ao 5G O ponto de virada começou em 1959, com a fundação da Escola Técnica de Eletrônica (ETE FMC) por Luzia Rennó Moreira, a Sinhá Moreira, considerada uma das grandes visionárias da educação tecnológica no Brasil. A iniciativa abriu caminho para a criação de novas instituições e formou gerações de profissionais especializados. Para Roberto Souza Pinto, presidente do Sindvel (Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica), que acompanha as transformações na cidade desde 1978, a trajetória de Santa Rita se confunde com a própria história da tecnologia nacional. “Fomos nós que implantamos o ensino da eletrônica e a graduação em Telecom no Brasil. Também testamos o primeiro sinal de 5G em Brasília e produzimos 100% das urnas eletrônicas usadas no país”, disse ao g1. De acordo com dados do Sindvel, as empresas locais respondem por mais de 70% do mercado nacional de eletrônicos voltados à área de segurança, além de atuarem fortemente nos setores de robótica, Internet das Coisas (IoT) e automação industrial. “Aqui tudo é pesquisa, desenvolvimento e produção. É tecnologia genuinamente nacional”, reforça Roberto. 17ª Feira Industrial do Vale da Eletrônica (Fivel) em Santa Rita do Sapucaí, MG Júlia Reis/g1 Educação como base do ecossistema Um dos principais pilares do Vale da Eletrônica é a formação de mão de obra qualificada. O Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), por exemplo, atua como um dos motores da inovação local. A instituição oferece estrutura e orientação por meio de sua incubadora de negócios, que ajuda a transformar projetos acadêmicos em soluções tecnológicas aplicáveis ao mercado. “Hoje, entre os 1,6 mil alunos matriculados, cerca de 70% a 80% estão envolvidos em atividades ligadas à inovação, seja nos laboratórios do Inatel, seja em projetos e serviços desenvolvidos em parceria com o setor produtivo”, explicou Sandro Duarte Azevedo, gerente de negócios no Inatel. RELEMBRE: Internet transmitida pela luz? SXSW brasileiro apresenta novidade e g1 explica Tecnologia do Inatel leva internet de alta qualidade a áreas remotas em uma caixa Empreender fora dos grandes centros O ambiente favorável e os incentivos fiscais ajudam a reter talentos e atrair novos empreendedores. Um dos exemplos é o de Domingos Adriano, ex-aluno da ETE, Inatel e FAI, hoje sócio de uma empresa na área de educação. “Consigo terceirizar boa parte do meu processo produtivo, e isso me dá bastante eficiência e flexibilidade. Isso é possível por estar num ecossistema que provê isso. Se eu estivesse em outra cidade da região, eu teria mais dificuldade de fazer o que eu faço hoje”, contou. O modelo de cidade-inovadora também tem atraído profissionais de fora. “Temos várias pessoas no time que optaram por sair dos grandes centros e vir trabalhar no interior por qualidade de vida”, completou. Ex-aluno da ETE, Inatel e FAI, Domingos Adriano, de Varginha (MG), é sócio de uma empresa em Santa Rita do Sapucaí (MG) Júlia Reis/g1 O crescimento, no entanto, traz desafios. A mão de obra em áreas específicas e a logística, como a distância até as capitais — cerca de 220 km de São Paulo, 380 km do Rio de Janeiro e 420 km de Belo Horizonte — ainda são barreiras. “Toda viagem é pelo menos três ou quatro horas mais lenta do que se eu estivesse no grande centro. Mas ainda acho que vale mais a pena estar no interior e estar num ecossistema como esse do que estar no outro local”, pondera Domingos. Pioneirismo e projeção internacional Desde a criação da primeira escola técnica de eletrônica da América Latina, Santa Rita acumulou marcos importantes. Hoje, com mais de 200 formações disponíveis, a cidade aposta na educação e no empreendedorismo como principais caminhos para atrair startups e investidores. “Dubai, por exemplo, já tem Santa Rita como alvo número um para parcerias em tecnologia”, revela o presidente do Sindvel, que recentemente participou de uma missão empresarial no país. A vocação para inovar também se reflete na Feira Industrial do Vale da Eletrônica (Fivel), criada nos anos 1980. O evento reúne startups e grandes indústrias que apresentam soluções e firmam parcerias com visitantes de todo o Brasil. "A Fivel conecta empresas, startups e instituições, gerando oportunidades, parcerias e visibilidade para a região. É um símbolo da união entre educação, inovação e desenvolvimento, consolidando o Vale da Eletrônica como um dos principais polos tecnológicos do país", afirma Rodrigo. 17ª Feira Industrial do Vale da Eletrônica (Fivel) em Santa Rita do Sapucaí, MG Júlia Reis/g1 O arranjo produtivo local (APL) de eletroeletrônicos conta com 160 indústrias de base tecnológica, emprega cerca de 17 mil pessoas e movimenta mais de R$ 3,2 bilhões por ano, conforme o Sindvel. Esses números, segundo Rodrigo Pereira, reforçam o papel do Vale como porta de entrada para novos negócios, investimentos e exportações. “O Vale da Eletrônica não é somente um cluster setorial. Ele simboliza a capacidade de Minas Gerais de construir um território competitivo, tecnológico e conectado, elevando o estado além de seus tradicionais vetores produtivos”, afirmou. Conheça 5 soluções tecnológicas reveladas no ‘Vale da Eletrônica’, em MG *Jornalista viajou para Santa Rita do Sapucaí a convite do Sebrae Minas VÍDEOS: tudo sobre o Sul de Minas Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas

FONTE: https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2025/11/02/vale-do-silicio-brasileiro-como-cidade-do-interior-de-mg-se-tornou-polo-tecnologico-admirado-no-exterior.ghtml


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